quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vigilância, Prevenção e Controle da malária em Palmas, Tocantins, Brasil, no período de 2000 a 2013.

A malária é uma das doenças infecciosas mais frequente nas regiões tropicais e subtropicais, que provoca alterações na maioria dos órgãos, enfraquece e incapacita as pessoas para o trabalho (CAMARGO, 2003). Tem como agente etiológico um protozoário unicelular do gênero Plasmodium e é transmitida de uma pessoa para outra por meio da picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles, por transfusão de sangue e por ocasião do parto (MARTINS e col., 2013; BRASIL, 2006).
A transmissão depende da interação dos diversos fatores de origem biológica, ecológica, social, cultural, econômica e política, e está diretamente relacionado à população suscetível, ao agente etiológico e ao vetor (TAUIL, 2010).
A grande movimentação de indivíduos portadores de gametócitos, de áreas endêmicas para áreas não endêmicas, ou de área rural para urbana e vice-versa é motivo de grande preocupação, pois poderá disseminar a malária por locais onde a doença nem mais se manifestava, ocasionando a existência de focos sem que se perceba de imediato sua extensão e aumentando o risco de transmissão (SOUSA e col., 1986; MONTE-MÓR, 1986; BARATA, 1995). 
Em geral, toda pessoa é susceptível à infecção por malária. Pessoas de determinado sexo e idade podem ter probabilidades diferenciadas de serem infectadas, dependendo da mobilidade, o tipo de ocupação e/ou ambiente em que residem (BARBIERI, 2000). Atividades relacionadas a projetos agropecuários, construção de rodovias, hidrelétricas, atividades de mineração e exploração florestal, associado à desorganização espacial, acampamentos improvisados e concentração de pessoas em condições sanitária inadequadas, já foram os principais fatores responsáveis pelo agravamento de epidemias de malária (ATANAKA-SANTOS e col., 2007; REZENDE e col., 2007).
Na fase inicial de povoamento as taxas de crescimento de malária aumentam rapidamente, mantendo-se em níveis relativamente elevados, e por isso, é fundamental compreender como as condições ambientais, o homem e suas formas de ocupação interagem entre si (BARBIERI, 2000). Para isso, a participação dos profissionais da atenção básica, as atividades de educação da população e a articulação com setores da sociedade responsáveis pela movimentação de pessoas na região, são estratégias fundamentais nas ações de controle da malária (TAUIL, 2010). Problemas ligados a saneamento, alimentação, produção econômica, escolarização e condições de trabalho constituem grandes dificuldades e só poderão encontrar soluções efetivas, a partir de esforços de outros setores da sociedade (BRASIL, 2006). 

Saiba mais e leia o artigo VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DA MALÁRIA EM PALMAS, TOCANTINS, BRASIL, NO PERÍODO 2000 A 201312no link abaixo, e publicado na Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, Uberlândia, vol. 10 (18): 190-206, Jun/2014.  Site http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/24628/14859

No estudo, fizemos um levantamentos das ações e estratégias utilizadas pelas vigilâncias epidemiológica do município de Palmas para manter a vigilância, prevenção e controle da malária e, descrevemos o perfil epidemiológico da malária no período 2000 a 2013, a fim de reconhecer a influência das medidas adotadas.
Foram registrados no período, 764 casos de malária. Destes, 46 autóctones e 718 importados, sendo 58,50% procedentes do Pará, 22,28% do Tocantins, 10,72% de países fora do Brasil e 8,50% de outros Estados da federação brasileira. Em função da procedência, 88,40% dos pacientes foram diagnosticados após 24 horas dos primeiros sintomas, porém, quando o paciente foi identificado pelo profissional de saúde, 88,40% receberam tratamento em até 24 horas da coleta do exame. Do total de casos, 78,01% foram masculinos e 65,84% na faixa de 20 a 49 anos, sendo 84,48% relacionados às atividades rurais. O P. vivax representou 68,85% dos casos, houve 20,06% de internações e um óbito. Os resultados revelaram que as vigilâncias epidemiológica e ambiental de Palmas estão atuantes, as medidas profiláticas adotadas tiveram impacto positivo nos indicadores epidemiológicos e contribuíram para evitar a transmissão e manter a doença sob controle.


Referências:
1. CAMARGO, E.P. Malária, maleita, paludismo. Ciência e Cultura, São Paulo, v.55, n.1, p. 26-29, jan/mar. 2003.
2. MARTINS, F. S. V.; CASTIÑEIRAS, T. M. P. P.; PEDRO, L. G. F. Malária. Centro de Informações em Saúde para Viajantes (CIVES). Disponível em: <http://www.cives.ufrj.br/ informacao/malária/mal-iv.html>. Acesso em: 19 nov. 2013.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Ações de controle da malária: manual para profissionais de saúde na atenção básica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 76 p.
4. TAUIL, P. L. Malária no Brasil: epidemiologia e controle. In: Saúde Brasil 2009: uma análise da situação da saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. p. 223-240.
5. SOUZA, S. L., DOURADO, A. I. C.; NORONHA, C. V. Migrações internas e malária urbana - Bahia, Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.20, n.5, p. 347-51, out. 1986.
6. MONTE-MÓR, R. L. M. Malaria e meio ambiente na Amazônia brasileira. In: SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO SOBRE POPULAÇÁO E SAÚDE, 1985, Campinas. População e saúde, Campinas: Unicamp, v.2, p. 312-328, 1986.
7. BARATA, R. C. B. Malária no Brasil: panorama epidemiológico na última década. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.11, n.1, p. 128-136, jan./mar.1995.
8. BARBIERI, A. F. Uso antrópico da terra e malária no norte de Mato Grosso, 1992 a 1995. 2000. Dissertação (Mestrado em Demografia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.
9. ATANAKA-SANTOS, M.; SOUZA-SANTOS, R.; CZERESNIA, D. Spatial analysis for stratification of priority malaria control areas, Mato Grosso State, Brazil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.5, p. 1099-1112, May. 2007.
10. REZENDE, K.; LIMA, S. C.; LEMOS, J. C. Vetores da malária na área de construção das usinas hidrelétricas Capim Branco I e Capim Branco II, na bacia do rio Araguaia no município de Uberlândia, Minas Gerais – Brasil. Horizonte Científico, Uberlândia, v.1, n.7, p. 1-20, 2007.

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