A malária é uma doença parasitária que causa muitos
problemas sociais e econômicos no mundo e ameaça o desenvolvimento de diversos
países. Apesar dos esforços para desenvolver um meio de prevenção, não existe
uma vacina que confira proteção satisfatória e nenhuma droga é universalmente
eficaz (Garcia, 2010).
Apesar da ampla distribuição, sabe-se que a malária é
uma doença focal, com áreas de transmissão natural restrita a algumas regiões
onde a gestão não tem priorizado o controle (Oliveira-Ferreira, 2010). O
processo migratório, proveniente de regiões altamente favoráveis à transmissão,
é fator decisivo para o crescimento progressivo do número de casos de malária (Garcia,
2010).
As áreas de maior transmissão variam ao longo dos
anos em razão dos projetos de desenvolvimento econômico e social que determinam
fluxos migratórios de grande importância social. De modo geral, esta transmissão
está associada a habitações precárias e condições sanitárias inadequadas (Garcia,
2010; Marques e Gutierrez, 1994). Os fatores que determinam a dinâmica da
malária estão relacionados à população suscetível, agente etiológico e
densidade do vetor (Fernández e col., 2008). Os fatores ecológicos ligados às
condições ambientais favorecem ou dificultam a transmissão da malária da mesma
forma que os fatores econômicos e políticos influenciam na prevalência da
doença, dependendo da qualidade, extensão das medidas de proteção e dos cuidados
dispensados à saúde das populações expostas (Marques e Gutierrez, 1994).
No Tocantins, os registros da malária tiveram início
em 1989 com a emancipação política e administrativa do estado. Naquele ano, foi
registrada a maior frequência com 5.679 casos e, nos anos subsequentes, ocorreu
redução até 1994; contudo, em 1995 se verificou elevação expressiva de 84% dos
casos. Em 1996 e 1997, a frequência voltou a cair, porém em 1998 foi registrado
o maior índice nos últimos 13 anos, 2.758 casos. A partir de então, a malária
no Tocantins tem apresentado comportamento diferente da Amazônia Legal, pois
vem reduzindo anualmente, exceto no ano 2003 (Parise e col., 2012).
Saiba mais e leia o artigo “ASPECTO
S EPIDEMIOLÓGICOS DA MALÁRIA NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL E A ORIGEM DOS
CASOS – PERÍODO 2003 A 2008” no
link abaixo, e publicado na Revista de Patologia Tropical, Goiânia, vol.
41 (4): 442-456. out./dez. 2012. Site: http://scielolab.iec.pa.gov.br/pdf/ess/v21n1/v21n1a13.pdf.
O estudo descreve a dinâmica da malária no estado do Tocantins,
no período 2003 a 2008, os fatores que contribuem para a incidência da doença e
a origem dos casos, a fim de contribuir com os órgãos de saúde no planejamento e
direcionamento das ações destinadas ao agravo. Com isso, os recursos
financeiros poderão ser destinados para os locais que realmente têm relevância,
evitando-se, assim, o risco de serem dispensados para grandes áreas.
Foram analisadas ao todo 3.610 notificações de
malária. Os casos autóctones representaram uma média anual de 27,2% e os
importados, 72,9%, significando redução nas duas classificações. O gênero
masculino registrou a média de 79,8% dos casos com predomínio da faixa etária
de 20 a 39 anos. As espécies de Plasmodium mostraram diferença significativa
(H=12,87; p=0,016) e redução contínua nas três formas de infecção (Plasmodium
vivax, Plasmodium falciparum e mista). Em decorrência da redução das
infecções por malária, houve aumento do número de municípios sem registro de
casos e 11 municípios, localizados no lado oeste do estado, destacaram-se em
relação aos valores do desvio padrão da IPA e concentraram 70% dos casos. Os resultados
revelaram as áreas de maior incidência da malária e a influência dos estados amazônicos
na distribuição dos casos no Tocantins. Ficou evidenciada a importância de se
manter fortalecida a vigilância em todos os municípios e de identificar
precocemente os casos isolados que vão surgindo para evitar surtos localizados,
o que certamente contribuirá para tornar o estado área livre de transmissão da
malária.
Referências:
1. Garcia S. Malária. Clin
Lab Med 30: 93-129, 2010.
2. Fernández LD, Alas JC, Juarez JF, Hernández CA, Santos
AG, Cruz OS, Hernández RDC. Índices maláricos como factores de riesgo en el
Departamento del Petén Norte, Guatemala. Rev Cubana Med Trop 60:
148-158, 2008.
3. Marques AC, Gutierrez HC. Combate à malária no Brasil:
evolução, situação atual e perspectivas. Rev Soc Bras Med Trop 27: 91-108, 1994.
4. Oliveira-Ferreira J, Lacerda MVG, Brasil P, Ladislau
JLB, Tauil PL, Daniel-Ribeiro CT. Malaria in Brazil: an overview. Malaria Journal 9: 115, 2010.
5. Parise EV, Araújo GC, Castro JGD. Situação
epidemiológica da malária no Estado do Tocantins, Brasil, a partir da
emancipação política e administrativa. Epidemiol Serv Saúde 21: 129-140,
2012.