quinta-feira, 31 de março de 2011

Manifestações dermatológicas provocadas por lagartas em Palmas, no período 2006 a 2011

Éldi Vendrame Parise
Vigilância Epidemiológica. Secretaria Municipal de Saúde de Palmas

     A Secretaria Municipal de Saúde de Palmas/Tocantins, através da área técnica de vigilância de acidentes por animais peçonhentos vem identificando aumento das notificações de acidentes causados por taturanas nos primeiros meses do ano, o que despertou a preocupação da equipe de vigilância. Esses animais estão sendo encontrados com maior frequência junto às residências, em ambientes onde existe a presença de vegetação. Geralmente o ferimento acontece quando as pessoas tocam a lagarta com as mãos ou a espreme com os dedos. Após a introdução das cerdas, o veneno é injetado. A dor é imediata e violenta com sensação de queimação, podendo irradiar-se para outras partes do corpo. O local fica vermelho e inchado podendo ocorrer ínguas.
     As lagartas são insetos pertencentes à Ordem dos Lepidópteros (borboletas e mariposas) que se encontram na fase larvar. São insetos lentos e mansos. Não “pulam” e não “voam”. Geralmente estão aderidas às folhas, galhos ou troncos das árvores, ocasião em que são “tocadas” pelas pessoas (Instituto Butantan, 2009).
     Apesar de esses animais causarem acidentes e alguns prejuízos às lavouras, elas são importantes para o equilíbrio da natureza, e, geralmente surgem em maior abundância devido aos desequilíbrios ambientais provocados por desmatamentos, queimadas, extermínio de predadores por aplicação de agrotóxicos e por proliferação de loteamentos em áreas de florestas (Instituto Butantan, 2009).
     Em Palmas, os acidentes dermatológicos provocados por lagartas referem-se à espécie Podalia sp, que estão sendo encontradas em árvores frutíferas dos quintais e em plantas ornamentais de jardins, como o pingo-de-ouro, amendoim forrageiro, ecsória, dentre outras.
     De Janeiro de 2006 a março de 2011, foram registrados 135 atendimentos por esse agravo, e destes, 94,85% dos casos ocorreu nos três primeiros meses do ano, período em que a região vivencia a estação chuvosa e, consequentemente, a vegetação encontra-se mais exuberante, proporcionando um ambiente favorável para a proliferação desses insetos. Verificou-se que 68,38% ocorreram nas mãos e pés, porém, 91,91% não estão relacionadas ao trabalho; 32,35% ocorreram em crianças menores de nove anos, justamente por não possuírem o cuidado suficiente para evitar o contato e também por estarem sendo atraídas pela coloração apresentada por elas e, 47,79% ocorrem na faixa etária de 20 a 49 anos, faixa de idade em que as pessoas exercem certas funções que permitem sua exposição próxima ao habitat natural do animal. Na maioria das vezes esses acidentes ocorrem quando os indivíduos tocam no animal, ao buscar alimentos e frutas, ou ao encostar-se em troncos e árvores, em momentos de lazer.
     É importante ressaltar que a prevenção ainda é o melhor remédio contra acidentes com animais peçonhentos. Com taturanas não é diferente. Ao trabalhar na lavoura, colher frutos no pomar ou em qualquer atividade em ambiente silvestre deve-se observar bem os troncos, folhas, flores, gravetos antes de manuseá-los; e, sempre use luvas.
     Em caso de acidente por taturanas, recomenda-se a aplicação de compressa de água fria no local do contato, elevação do membro acometido. Caso a dor seja insuportável há necessidade da aplicação de anestésico injetável no local, que será realizada por profissional da área médica. É também de grande importância que a taturana causadora do acidente acompanhe o acidentado, para uma identificação correta (MS/ Funasa, 2001). 
     Lembre-se que, a lagarta é apenas uma das fases da vida do inseto. Ao encontrar taturanas, não mate-as. Colete-as e procure um profissional para a identificação correta e encaminhamento ao órgão competente (CCZ). Desta forma, você estará colaborando com a ciência e preservando a natureza.

Referências Bibliográficas
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Brasil. Manual de diagnóstico e tratamento de acidente por animais peçonhentos. 2ª edição. Brasília: Funasa, 2001. 120p.
Instituto Butantan. Laboratório de Parasitologia/Entomologia. Brasil. Taturanas. Acessado em: 05 mar 2009. Disponível em: www.butantan.gov.br.
Vigilância Epidemiológica. Secretaria Municipal de Saúde. Dados sobre lagartas. Sinan NET, 2011.