quinta-feira, 10 de maio de 2012

Situação epidemiológica da malária no Estado do Tocantins, Brasil, a partir da emancipação política e administrativa, 1989 a 2009


      A malária é uma doença muito antiga, cujos relatos de febres intermitentes antecedem a era cristã. Ela já provocou inúmeras mortes e muitos problemas sociais e econômicos, a ponto de ser reconhecida como uma das mais graves doenças parasitárias no mundo (COURA et al., 2006; BRASIL, 2006).
      A infecção é causada por um protozoário. Em 1898, Ronaldo Ross encontrou formas do parasito no interior de um mosquito que se alimentara de um portador da doença. Desde então, tem-se conhecimento que a transmissão da malária ocorre pelo mosquito do gênero Anopheles. Na região Amazônica, o Anopheles darlingi é o principal vetor de real importância epidemiológica, por sua distribuição geográfica, antropofilia e capacidade de ser infectado por diferentes espécies de Plasmodium (BRASIL, 2006; LOIOLA et al., 2002).
      As espécies parasitárias associadas à malária humana no Brasil são: Plasmodium vivax; Plasmodium falciparum; e, eventualmente, Plasmodium malariae (BRASIL, 2006; OLIVEIRA-FERREIRA et al., 2010). No Tocantins, embora haja registros da predominância do P. vivax desde 1993, com 53,66% dos casos (MARQUES E GUTTIERREZ, 1994), e aumento progressivo até 2002, com 79% dos casos (BRASIL, 2004), o P. falciparum é a espécie mais virulenta da malária, responsável pelas formas graves que podem levar a óbito (SILVA e OLIVEIRA, 2002).
      O Estado do Tocantins foi instituído no ano de 1988, a partir do desmembramento de Goiás, e sua emancipação política e administrativa aconteceu no ano seguinte. Segundo Marques e colaboradores (1986), em 1985, Goiás registrou 2.101 (31,7%) casos autóctones, 31 (0,5%) introduzidos e 4.497 (67,8%) importados, distribuídos em 75 municípios. Do total de autóctones, 78,1% foram notificados em 20 municípios da região Norte goiana, hoje integrante do Estado do Tocantins.
      Saiba mais e leia o artigo SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA MALÁRIA NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL, A PARTIR DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E
ADMINISTRATIVA, 1989 A 2009.” No link abaixo, e publicado na Revista Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 21(1):129-140, jan-mar 2012.  Site:
      O estudo descreve os principais indicadores epidemiológicos da malária no Estado do Tocantins, Brasil, e compara com àqueles da Amazônia legal, entre 1989 e 2009. O Tocantins registrou 5.679 casos de malária em 1989 e 129 casos em 2009; nesse período de 20 anos, a incidência parasitária anual diminuiu 94%; os casos importados predominaram sobre os
autóctones durante toda a série histórica; o indicador de internações por malária permaneceu elevado; Plasmodium vivax foi a principal causa de morbidade. Constatou-se que o Tocantins se classifica como área de baixo risco para malária e assemelha-se à situação epidemiológica dos estados não Amazônicos; porém, em função dos casos importados, o esforço conjunto das instituições locais deve se manter ativo para detectar os primeiros sinais da doença e evitar o surgimento dos casos isolados.
 
Referências
1. Coura JR, Suárez-Mutis M, Ladeira-Andrade S. A new challenge for malaria control in Brazil: asymptomatic Plasmodium infection – A Review. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 2006;101(3):229-237.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Ações de controle da malária: manual para profissionais de saúde na atenção básica. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da Malária. Plano de Intensificação das Ações do Controle da Malária na Amazônia Legal: período julho de 2000 a dezembro de 2002. 2ª ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; 2004
4. Loiola CCP, Silva CJM, Tauil PL. Controle da malária no Brasil: 1965 a 2001. Revista Panamericana de Salud Pública. 2002;11(4):235-244.
5. Oliveira-Ferreira J, Lacerda MVG, Brasil P, Ladislau JLB, Tauil PL, Daniel-Ribeiro CT. Malaria in Brazil: na overview. Malaria Journal. 2010;9:115.
6. Marques AC, Pinheiro EA, Souza AG. Um estudo sobre dispersão de casos de malária no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 1986; 38:51-75.
7. Marques AC, Gutierrez HC. Combate à malária no Brasil: evolução, situação atual e perspectivas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 1994;27 Supl 3:S91-108.
8. Silva LHP, Oliveira VEG. O desafio da malária: o caso brasileiro e o que se pode esperar dos progressos da era genômica. Ciencia & Saúde Coletiva. 2002;7(1):49-63.

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