- O que é ser professor hoje?
- Quem sou eu (professor) neste contexto?
Ser
professor hoje é ter garra de leão, força de um búfalo, gigante como elefante,
energia de uma criança, agilidade de um beija flor e maratonista para atinge a todos
os recordes mundiais. É ser pai, mãe, educador, orientador, psicólogo, conselheiro,
e ainda, companheiro, para suprir a falta que os pais fazem aos filhos em casa.
Se não
bastasse, ser professor é cumprir todas as exigências atribuídas pela profissão
e assumir o papel que a sociedade não consegue assegurar; criando uma confusão,
sem saber qual é realmente o papel do professor e quais os objetivos da escola.
As
escolas não deixam de ser o reflexo da sociedade. Quando a sociedade não consegue
cumprir as obrigações, a tendência é projetá-las para dentro da escola e
sobrecarregar os professores com um excesso de missões, transformando o professor
num profissional amargurado, com muitas críticas aos encaminhamentos
determinados pelo sistema educacional. Quando os pais não conseguem assegurar a
autoridade, a disciplina, fazer com que os filhos leiam e façam suas tarefas de
estudantes, jogam para a escola assumir este papel, criando uma situação
insustentável para os professores.
Nesta
sociedade sem limites, parece que os valores e as obrigações estão se
invertendo. Em vez de o professor atuar como um conhecedor do conhecimento, um organizador
da aprendizagem para melhor transmiti-los, está atuando como cuidador em quanto
os pais exercem suas profissões na sociedade; porque o que menos os aluno demonstram
é vontade de estudar. Além disso, muitos professores são agredidos verbalmente,
quando não fisicamente, desrespeitados e desafiados pela clientela, porque se
ousarem erguer a voz serão acusados de estar traumatizando e impedindo a
criatividade do adolescente.
Os professores precisam se organizar e exigir condições dignas
para exercer a profissão, seja material, salarial, formação continuada, como
também calma e tranquilidade para o exercício do trabalho. Mas para isso, será
preciso organizar-se como comunidade profissional coletiva a manter-se
atualizados nos conhecimentos profissionais para poder argumentar nas
discussões diárias. Porque, para ser professor não basta deter o conhecimento é preciso
compreender o conhecimento, ser capaz de reorganizar, reelaborar e transmiti-lo
em situação didática em sala de aula. É saber lidar não só com alguns saberes,
mas também com a tecnologia e com a complexidade social, pois envolve grupos
sociais, raças e etnias diferentes.
Temos muito que avançar na educação. Será necessário rever as
práticas da formação dos professores, investir em materiais e equipamentos nas
escolas, melhorar os salários dos professores, devolver a autoridade que o professor
já teve no ambiente escolar e propiciar condições dignas de trabalho.
Como professora, procuro desenvolver meu papel
com muita determinação, seja qual for o local de trabalho e acredito que só
poderemos transformar a sociedade em que vivemos quando conseguirmos incutir
nas crianças e adolescentes o verdadeiro papel da escola e despertar neles o
interesse pelos estudos, porque eles é que serão nossos futuros professores,
médicos, enfermeiros, engenheiros, agrônomos, advogados e outros mais. Temos
muito que avançar, pois a sociedade do futuro depende daquilo plantamos hoje.
Entrevista de Antonio Nóvoa - Matrizes Curriculares. Portal Salto para o Futuro. Disponível em http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=59. Realizada em 13/09/2001.
Entrevista de Antonio Nóvoa - Matrizes Curriculares. Portal Salto para o Futuro. Disponível em http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=59. Realizada em 13/09/2001.
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