A malária é uma doença muito antiga, cujos relatos de
febres intermitentes antecedem a era cristã. Ela já provocou inúmeras mortes e
muitos problemas sociais e econômicos, a ponto de ser reconhecida como uma das
mais graves doenças parasitárias no mundo (COURA et al., 2006; BRASIL, 2006).
A infecção é causada por um protozoário. Em 1898, Ronaldo
Ross encontrou formas do parasito no interior de um mosquito que se alimentara
de um portador da doença. Desde então, tem-se conhecimento que a transmissão da
malária ocorre pelo mosquito do gênero Anopheles. Na região Amazônica, o
Anopheles darlingi é o principal vetor de real importância
epidemiológica, por sua distribuição geográfica, antropofilia e capacidade de
ser infectado por diferentes espécies de Plasmodium (BRASIL, 2006; LOIOLA et al., 2002).
As espécies parasitárias associadas à malária humana
no Brasil são: Plasmodium vivax; Plasmodium falciparum; e,
eventualmente, Plasmodium malariae
(BRASIL, 2006; OLIVEIRA-FERREIRA et al., 2010). No Tocantins,
embora haja registros da predominância do P. vivax desde 1993, com
53,66% dos casos (MARQUES E GUTTIERREZ, 1994), e aumento progressivo até 2002,
com 79% dos casos (BRASIL, 2004), o P. falciparum é a espécie mais
virulenta da malária, responsável pelas formas graves que podem levar a óbito
(SILVA e OLIVEIRA, 2002).
O Estado do Tocantins foi instituído no ano de 1988, a partir do desmembramento
de Goiás, e sua emancipação política e administrativa aconteceu no ano
seguinte. Segundo Marques e colaboradores (1986), em 1985, Goiás registrou
2.101 (31,7%) casos autóctones, 31 (0,5%) introduzidos e 4.497 (67,8%)
importados, distribuídos em 75 municípios. Do total de autóctones, 78,1% foram
notificados em 20 municípios da região Norte goiana, hoje integrante do Estado
do Tocantins.
Saiba mais e leia o artigo “SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA MALÁRIA NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL, A
PARTIR DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E
ADMINISTRATIVA, 1989 A 2009.”
No link abaixo, e publicado na Revista Epidemiol. Serv. Saúde,
Brasília, 21(1):129-140, jan-mar
2012. Site:
O estudo descreve os principais indicadores
epidemiológicos da malária no Estado do Tocantins, Brasil, e compara com àqueles
da Amazônia legal, entre 1989 e 2009. O Tocantins registrou 5.679 casos de
malária em 1989 e 129 casos em 2009; nesse período de 20 anos, a incidência
parasitária anual diminuiu 94%; os casos importados predominaram sobre os
autóctones durante toda a série histórica; o indicador de
internações por malária permaneceu elevado; Plasmodium vivax foi a principal
causa de morbidade. Constatou-se que o Tocantins se classifica como área de
baixo risco para malária e assemelha-se à situação epidemiológica dos estados
não Amazônicos; porém, em função dos casos importados, o esforço conjunto das
instituições locais deve se manter ativo para detectar os primeiros sinais da
doença e evitar o surgimento dos casos isolados.
Referências
1. Coura JR, Suárez-Mutis M, Ladeira-Andrade S. A new
challenge for malaria control in Brazil: asymptomatic Plasmodium infection
– A Review. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 2006;101(3):229-237.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde.
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da malária: manual para profissionais de saúde na atenção básica. 2ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde; 2006.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em
Saúde. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da
Malária. Plano de Intensificação das Ações do Controle da Malária na Amazônia Legal:
período julho de 2000 a
dezembro de 2002. 2ª ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; 2004
4. Loiola CCP, Silva CJM, Tauil PL. Controle da
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8. Silva LHP, Oliveira VEG. O desafio da malária: o
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