sábado, 26 de fevereiro de 2011

Análise espacial e determinação de áreas prioritárias para o controle da malária no Estado do Tocantins, 2003 a 2008

A malária é uma doença com perfil do mundo subdesenvolvido. Hoje em dia, ela é endêmica em 106 países e afeta um número de pessoas jamais conhecido na história (FINKEL, 2007). Aproximadamente, 2,4 bilhões de pessoas vivem em áreas onde há risco de contrair a infecção (OMS, 2000), especialmente na África, Ásia e América do Sul e Central. O maior foco de transmissão é a África Subsahariana, onde ocorrem 90% de todos os casos e mortes por malária no mundo (FINKEL, 2007). Ocorrem cerca de 1,5 a 2,7 milhões de mortes a cada ano, a maioria causada por Plasmodium falciparum, sendo mais de um milhão em crianças menores de 5 anos de idade. O restante das mortes são, principalmente, em mulheres na sua primeira ou segunda gestação, adolescentes, adultos jovens, viajantes (JARDÍNES, 2001), idosos e pessoas não-imunes, recém-chegadas a áreas endêmicas (MS, 2001).
Os agentes etiológicos da malária humana são: Plasmodium falciparum, responsável pela terçã maligna; Plasmodium vivax, responsável pela terçã benigna; Plamodium malariae, responsável pela febre quartã e Plasmodium ovale, causador de uma forma de terçã benigna existente, principalmente, no continente africano. No Brasil, as duas primeiras espécies são mais prevalentes, enquanto o Plasmodium malariae ocorre raramente (MS, 2006). O parasita apresenta dois ciclos de reprodução, sendo que a fase assexuada ocorre no hospedeiro intermediário (homem) e a fase sexuada no hospedeiro definitivo (mosquito Anopheles) (BARBIERI, 2005).
Geralmente, a enfermidade é transmitida pela picada de mosquitos, do gênero Anopheles, infectados e sua transmissão não se dá na mesma forma e rapidez em todas as áreas endêmicas. Sua distribuição está fundamentalmente baseada no hábito dos vetores, hábito das pessoas e modo de ocupação (DIAS, 2003; TAUIL, 2002).
De uma forma geral, as causas da malária são sempre múltiplas, um processo altamente complexo que envolve o agente, o hospedeiro e o ambiente, claramente associados à água, umidade, florestas e temperatura (TOSTA, 2007). Normalmente, estão relacionadas à alta densidade anofélica, amplitude da malha hídrica, cobertura vegetal, desmatamentos, construção de hidroelétricas, estradas, sistema de irrigação, extração mineral e a presença de numerosos grupos populacionais, que somados às precárias condições de moradia, favorecem a aproximação do homem com o vetor e, consequentemente, uma rápida expansão da doença (MS, 2005). O processo migratório de populações procedentes de regiões do país onde não existe transmissão da malária para uma região altamente favorável à transmissão, é considerado um fator decisivo para o crescimento progressivo do número de casos e dispersão da doença (TAUIL, 2002).
Devido à ampla incidência e aos efeitos debilitantes, a malária é uma das doenças que mais contribuem para a decadência do homem da região amazônica, pois, além de reduzir os esforços físicos das pessoas na busca de seus recursos econômicos, diminui a capacidade produtiva e dificulta as condições de vida, interferindo no desenvolvimento socioeconômico da região (MS, 2005).
Sendo a malária um agravo que não se distribui de forma homogênea em todas as áreas (TAUIL, 2002), e que possui características de uma doença focal, com áreas de transmissão natural, restrita a algumas regiões dentro de um mesmo país (DIAS, 2003), é de fundamental importância a identificação das áreas de maior risco de transmissão para direcionar os esforços de forma mais precisa.
Saiba mais sobre a malária no Tocantins e leia o artigo completo “Análise espacial e determinação de áreas prioritárias para o controle da malária no Estado do Tocantins, 2003-2008” anexado a este blog, e publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 44(1):63-69, jan-fev, 2011.  Site: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v44n1/15.pdf.

Referências
BARBIERI AF. Uso do solo e prevalência de malária em uma região da Amazônia Brasileira. Cad Geografia 2005; 15:9-30.
DIAS RC. Uma contribuição ao estudo da malária no Estado de Roraima e sua associação com a precipitação pluviométrica no período de 1985 a 1996. [Tese de Doutorado]. [Rio de Janeiro (RJ)]: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Osvaldo Cruz; 2003.
FINKEL M. Bedlam in the blood malaria. Natl Geogr Mag 2007; 212:32-67.
JARDÍNES IQ. Malaria: características generales y situación actual em Cuba y lãs Américas. Biblioteca Virtual de Vigilância em Salud. 6: 2001. [Acesso em 29 jan. 2009]. Disponível em http://www.bvs.sld.cu/uats/rtv_files/rtv0501.htm/.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Terapêutica da Malária. 6ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. A malária no Brasil: situação epidemiológica da malária no Brasil 2005. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Ações de controle da malária: manual para profissionais de saúde na atenção básica. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Tratamento da malária grave e complicada: guia de condutas práticas. 2ª ed. Brasília: Organização Mundial de Saúde; 2000.
TAUIL PL. Avaliação de uma nova estratégia de controle da malária na Amazônia Brasileira. [Tese de Doutorado]. [Brasília (DF)]: Universidade de Brasília; 2002.

TOSTA CE. Coadaptation and malaria control. Mem Inst Oswaldo Cruz 2007; 102:385-404.

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